sexta-feira, 26 de março de 2010

Narrativa...


Lágrimas caem do céu
Como chuva da minha alma.
Um suspiro sopra
Como o vento que acalma
E de mim brota
A história, narrativa
Narrando a minha vida,
Que tanto me esgota,
Me encontra mei perdida...

Consigo quase sentir
O sussurro gemendo ouvir,
Chorando de amor
E sorrindo na dor...

E não consigo estar mais
Aqui, em todo o lado,
Já nada vivo.
Porque estou sem ti!
Porque vivendo, amando,
Vou apenas gastando
As memórias, já gastas de si...

Joana

sexta-feira, 19 de março de 2010

Senhor

Voz inconfundível
Elegância no perfil
E na fala a eloquência
Baixa estatura
Discrepante do ser
De inigualável inteligência
Nas palavras a audácia,
O cuidado, a perspicácia
A gentileza no olhar.
Gestos de um português
Aberto ao mundo
Que tem na postura o saber-estar
E traz nos calmos passos
O inestimável educar...

Joana

quinta-feira, 18 de março de 2010

Rastos

Que achado meu foi este
Que fiz hoje,
Mais do que ontem,
E menos do que amanhã...

Incessantemente
Busco por ti.
Busco as palavras
Que sem dizeres
As ouvi.

Assim encontrei
Um ténue rasto de ti.
Mais do que procurei.
Que nunca antes senti,
Talvez não quisesse senti-lo.
Mas não serás tu, precioso,
O meu diamante do Nilo?

Quão ingrato este caminhar
Procura que vai além
De mim, além do olhar...

Será a magia assim,
Submersa de dilemas,
Anunciando um fim...

Joana

segunda-feira, 15 de março de 2010

Procurar assim...

Quero ter-te nos meus braços.
Tal qual o explorador
Corticeiro esgota o Sobreiro,
Esgotar-te a ti...

Do gesto mais singelo,
Ao toque mais belo.
Partilhar do cálice de vinho
E desta embriaguez
Que nos afaga.
Quero amar-te até ao fim,
Sem conta, sem paga...
Talvez em momentos dar-te
Sem custo esta minha arte!

Quem és
Mestre do meu deleite,
Só para mim...
Onde estás,
Que me fazes procurar assim?
Pelo mundo inteiro
Não há túlipa ou jasmim,
Não há urze ou azinheira,
Hortelã ou alecrim
Que deleite a minha alma inteira
Como tu fazes, assim...

Joana

sábado, 13 de março de 2010

Rol que revejo

Escrevo nestas linhas
O que não cabe nas minhas.
Exprimo nestas palavras
O que em gestos não acabas...

Revi os teus passos
E sem que desses
Por mim, lembrei
Os beijos, os abraços,
Os encontros e os espaços.
Lembrei todos os momentos,
Lembrei todas as partilhas,
Promessas de amor eterno
E vulcões de sentimentos!

Quero-te como antes,
Mais do que antes até...
Mas de ti tenho tão
Só ausente presença...

Quero-te de volta,
Meu amante, meu sol.
Volta para mim,
Devolve-me este rol...

Joana

quinta-feira, 11 de março de 2010

Donzela

Perco-me no teu seio
Em sonhos, divagando
Não sou a jovem, bela donzela
Mas como ela vou esperando...

Que tempo será o meu
Se o dela foram cem anos?
Universo tão plebeu
Que nem a nós mesmos amamos...
Falam da lei da atracção
E eu aposto
Foi afectada pela poluição!

Estou como o velho tradicional
Trago estes versos no peito
E como ele já não tenho moral!

E tu onde estás
Ruidoso, de fel e furor?
Preciso de te encontrar,
Preciso do teu amor...

Joana

domingo, 7 de março de 2010

Sanzala

É esta angústia
Que não parte de mim...
É um querer-te tão singular,
Querer-te só assim!

Mas tu foges
Numa outra direcção,
Para que não corro.
Tuas palavras são tijolos
Por vezes, para mim.

Procuro e não encontro.
Não sei bem que procurar...
E nem no encontro
Mais tonto te encontro,
Na presença do luar...

Perene dúvida me abala.
O que procuro eu
Nesta vastíssima sanzala...

Joana

sábado, 6 de março de 2010

BD

Vagueio, divago
Por este sonho alado.
Espero pelo teu corpo
Nú, vestido de verdade...

Anseio pelo teu toque
Meu mago
Interrogo
Que palavras tens para mim
Sem as dizer,
O que terás para me dar
Nos momentos de prazer

Quero perder-me no teu âmago
Partilhar dos teus lençóis,
Partilhar o teu mundo,
Mergulhar dentro de ti
E ir bem fundo...

Desejo poder entender
O que deleita o teu ser
Para então dar-to,
Usar e abusar até matar
Esta sede louca
De que não parto...

Joana