segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Metas

Vida a minha,
Tanta, tão pouca...
Traduz-se
Numa simples corrida.

Eu sei que não posso
Parar ou desistir
Após a partida.

Porquê, te perguntas...
E eu te pergunto,
Irias tu desistir da tua vida?!

Mas deves saber, porém,
Que esta não é uma corrida qualquer,
Esta é uma corrida que leva,
É uma corrida que traz.
E ela nunca para,
É a eterna corrida pela paz...

É uma corrida de várias metas
E entre um ou outro momento feliz
Outro vem que não te apraz.

Mas vem, corre, não pares!!
As metas que esbarras são
A soma de quilómetros
No caminho da tua...

No final, tu sabes,
Há uma fonte que espera, só tua.
De uma água que irá
Saciar a tua alma nua.

Aí não é mais que vitória,
Coragem, triunfo e calma.
Aí será um teres a tua própria lua,
Será um teres a tua própria alma.

Joana

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Percursos

A rua é longa, enfim...
A rua é larga,
Mesmo da calçada estreita,
De ladrilho marfim.

Mas a rua,
A rua é de alcatrão,
A rua é grande, feita
De uma estranha circulação.

E tu cais do céu
De um veículo que não é nada.
Mão dada, lado a lado
Um descanço na madrugada.

Devias ter-me acordado,
Podias ter-me levado.
Mas seguiste caminho e eu,
Eu deixei-me na esquina
Onde acaba a calçada,
Ver-te seguir essa rua
Que se torna uma estrada.

Joana

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Verdade, Valentia

É verdade,
É verdade
Que o mar rebenta na areia
E as folhas se agitam ao vento,
Que não existe sereia
Nem monstro nem tormento.

É verdade que os cães ladram
Nas ruas da minha aldeia,
E as aranhas apanham moscas
Nas filas da sua teia.

É verdade, para nós,
Que o Sol nasce nas montanhas
E se deita em ondas estranhas
E que o rio corre para a foz.

É tudo tão verdadeiro
Como o regozijo secreto
À mercê desse teu esgar
Saboroso e indiscreto.

Mas permanece incompleto
O breve beijo quebrado
Que foi em demais discreto
Nada erróneo,
Inacabado...

Joana

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Balanço

Sobreiro uno em parte
Tens um embalo, uma arte,
O restolhar da folhagem
Ao vento,
Que traz ao canto do Gaio
Um novo alento,
Ao seu voo, outra coragem.
E trazes até mim o pôr-do-sol
Em nada urbano,
Em nada selvagem.
Levas para longe tristes
Murmúrios de outra imagem,
Brevemente...
Trazes sempre um novo dia
E a tua terra,
Que nos aconchega à noite,
É a mesma que nos alumia.
Ofertas, tão livre, esta miragem,
Onde a vida não acaba mais,
Charcos, Searas, a gente
E todos os teus iguais.
Generoso,
Guias-me nesta viagem,
Sem asas ou poderes sobrenaturais.
Levas-me pelas planícies no teu colo.
E na fugacidade de instantes,
Tão breves,
Estou em casa, estou aqui...

Joana

domingo, 18 de julho de 2010

Lugar

Viagem vã
Viagem só
Viagem
Que deserta no peito
Nem um grão de areia
Cá dentro
Lugar tão estreito
Nem uma ponta de vento!

Foste coragem em mim
Por amor,
Por defeito!
Ficaste memória tão só
Por respeito,
Saudade, poema,
Sem despeito...

Joana

sábado, 19 de junho de 2010

Fome de Alma



Sinto um desejo carnal,
Que nem toda a carne mata.
Uma fome de toda a carne,
Que única a tua carne basta!

A minha carne espera tão só
Que felizes,
Outra fome se mate na tua
Enquanto a minha fome me mata.

Já comi céus e mares e terras,
Já comi plátanos e embondeiros,
Comi de todos aos molhos
E nada sacia esta fome,
Nada preenche os meus olhos.

Mãos atadas
A fome espera, sem calma,
Poder um dia matar-se de novo,
De carne e Alma!
De carne
E Alma...

Joana

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Sonhar

Havia um tempo
Em que eras tu e eu
E mais ninguém
No mundo todo...

Hoje és tu e alguém
E o nós morreu,
Tudo o mais está morto.
O amor que tanto fizemos;
O carinho, a ternura,
A paixão que praticamos;
Os sonhos, os planos,
Todas as metas que traçamos;
Tudo o que não planeamos
Eu tento ir enterrando.
Todos os dias, em todas as horas.
E o esforço é tão maior
Quanto mais cheia está
Essa cova, buraco, vazio,
Tão simples de se escavar,
Me parecia...

E nem no sono,
Luta inglória,
Me dás paz!
Como um morto
Que se ergue da tumba
Assombra-me os
Sonhos mais belos,
Nem sei bem,
Serão pesadelos?

Oh, Deus alheio!
Não quero a guarda
Da tua sombra
Enquanto durmo.
Nem quero sonhos belos,
Nem desses teus pesadelos...

Joana

domingo, 16 de maio de 2010

Cansaço

Há um cansaço em mim
De tantas vezezs percorrer
Cada lugar onde me levas.
Já sem ti...

Não por fora, por dentro.

Cansaço de buscar o
Que me falta, quando
Há muito te perdi...
Que nenhum sono mata.
Que aumenta cada vez
Que durmo, poque sonho,
Porque penso em ti...

E então caminho,
Por vezes corro.
Mas é etéreo o espírito
Ficam a alma e o peito,
No que vivi ou não vivi.
E é de pedra o coração
Que chora, porque viu
E sentiu o que eu vi...

Joana

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Vem

Quero-te e não te quero
Não contenhas o meu desejo
A desmesura no meu beijo.

Desfaz esta parede
Que se ergue e dá-me
As rédeas que te contêm
Mostra-me o que te apraz
Fica, guia-me ao que
Mais me deleita, satisfaz
E terás de mim isto
Dar-te-ei o pão, a carne, a paz...

Vem para mim, por favor,
Não fiques aí, onde estás...

Joana

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Padecer

Vem ao meu encontro
Meu condor
E leva-me contigo.
Toma-me pelo peito,
Pela alma,
Acaba com este castigo.
Sem medo, amor,
Sem despeito,
Não há perigo,
Apenas calma...

Mas atenta,
Não sou um fogoso,
Simples devaneio,
Um descartável
Momento de rastreio.

Quero ser a doença,
Um vírus estável
E quero ser a cura
E a convalescença.

Joana

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ha(ver)

Há um frio que queima
o meu ser,
um abalo tão feliz
Que não me deixa viver...

É o meu coreção que
Não brota, meu amor!
São pétalas como ele
Quebradas de dor!

São vãs cruzadas
As minhas, sem Senhor.
São resquícios lavados
Do teu cheiro, do teu sabor!

És tu que
Não partes nem chegas.
Que roubas o meu pudor,
Na ténue lembrança
Do teu amor...

Joana

sexta-feira, 26 de março de 2010

Narrativa...


Lágrimas caem do céu
Como chuva da minha alma.
Um suspiro sopra
Como o vento que acalma
E de mim brota
A história, narrativa
Narrando a minha vida,
Que tanto me esgota,
Me encontra mei perdida...

Consigo quase sentir
O sussurro gemendo ouvir,
Chorando de amor
E sorrindo na dor...

E não consigo estar mais
Aqui, em todo o lado,
Já nada vivo.
Porque estou sem ti!
Porque vivendo, amando,
Vou apenas gastando
As memórias, já gastas de si...

Joana

sexta-feira, 19 de março de 2010

Senhor

Voz inconfundível
Elegância no perfil
E na fala a eloquência
Baixa estatura
Discrepante do ser
De inigualável inteligência
Nas palavras a audácia,
O cuidado, a perspicácia
A gentileza no olhar.
Gestos de um português
Aberto ao mundo
Que tem na postura o saber-estar
E traz nos calmos passos
O inestimável educar...

Joana

quinta-feira, 18 de março de 2010

Rastos

Que achado meu foi este
Que fiz hoje,
Mais do que ontem,
E menos do que amanhã...

Incessantemente
Busco por ti.
Busco as palavras
Que sem dizeres
As ouvi.

Assim encontrei
Um ténue rasto de ti.
Mais do que procurei.
Que nunca antes senti,
Talvez não quisesse senti-lo.
Mas não serás tu, precioso,
O meu diamante do Nilo?

Quão ingrato este caminhar
Procura que vai além
De mim, além do olhar...

Será a magia assim,
Submersa de dilemas,
Anunciando um fim...

Joana

segunda-feira, 15 de março de 2010

Procurar assim...

Quero ter-te nos meus braços.
Tal qual o explorador
Corticeiro esgota o Sobreiro,
Esgotar-te a ti...

Do gesto mais singelo,
Ao toque mais belo.
Partilhar do cálice de vinho
E desta embriaguez
Que nos afaga.
Quero amar-te até ao fim,
Sem conta, sem paga...
Talvez em momentos dar-te
Sem custo esta minha arte!

Quem és
Mestre do meu deleite,
Só para mim...
Onde estás,
Que me fazes procurar assim?
Pelo mundo inteiro
Não há túlipa ou jasmim,
Não há urze ou azinheira,
Hortelã ou alecrim
Que deleite a minha alma inteira
Como tu fazes, assim...

Joana

sábado, 13 de março de 2010

Rol que revejo

Escrevo nestas linhas
O que não cabe nas minhas.
Exprimo nestas palavras
O que em gestos não acabas...

Revi os teus passos
E sem que desses
Por mim, lembrei
Os beijos, os abraços,
Os encontros e os espaços.
Lembrei todos os momentos,
Lembrei todas as partilhas,
Promessas de amor eterno
E vulcões de sentimentos!

Quero-te como antes,
Mais do que antes até...
Mas de ti tenho tão
Só ausente presença...

Quero-te de volta,
Meu amante, meu sol.
Volta para mim,
Devolve-me este rol...

Joana

quinta-feira, 11 de março de 2010

Donzela

Perco-me no teu seio
Em sonhos, divagando
Não sou a jovem, bela donzela
Mas como ela vou esperando...

Que tempo será o meu
Se o dela foram cem anos?
Universo tão plebeu
Que nem a nós mesmos amamos...
Falam da lei da atracção
E eu aposto
Foi afectada pela poluição!

Estou como o velho tradicional
Trago estes versos no peito
E como ele já não tenho moral!

E tu onde estás
Ruidoso, de fel e furor?
Preciso de te encontrar,
Preciso do teu amor...

Joana

domingo, 7 de março de 2010

Sanzala

É esta angústia
Que não parte de mim...
É um querer-te tão singular,
Querer-te só assim!

Mas tu foges
Numa outra direcção,
Para que não corro.
Tuas palavras são tijolos
Por vezes, para mim.

Procuro e não encontro.
Não sei bem que procurar...
E nem no encontro
Mais tonto te encontro,
Na presença do luar...

Perene dúvida me abala.
O que procuro eu
Nesta vastíssima sanzala...

Joana

sábado, 6 de março de 2010

BD

Vagueio, divago
Por este sonho alado.
Espero pelo teu corpo
Nú, vestido de verdade...

Anseio pelo teu toque
Meu mago
Interrogo
Que palavras tens para mim
Sem as dizer,
O que terás para me dar
Nos momentos de prazer

Quero perder-me no teu âmago
Partilhar dos teus lençóis,
Partilhar o teu mundo,
Mergulhar dentro de ti
E ir bem fundo...

Desejo poder entender
O que deleita o teu ser
Para então dar-to,
Usar e abusar até matar
Esta sede louca
De que não parto...

Joana

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Não ser eu

Cuidava eu
Não ser eu.
Poder ser
O meu auto-retrato
E no espelho
Conseguir ver
O tamanho do imenso buraco,
Calcular o seu valor exacto.
No papel equacionar
Tal valor
Em amor,
Tão tangente,
Num só toque
Bipolar,
Que de tão próximo
Sem ar.
Toque que não vai
Para além do olhar...

Joana

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Serão vós como nós?

A ternura, a sinceridade.
Nas palavras a verdade
E no beijo a eternidade
Na ausência a imensidão
E no toque a intimidade
No olhar a vastidão
E no cheiro a saciedade
Dessa fome...
A nossa fome
Até na chuva a cumplicidade
E no frio a realidade
Duma presença aconchegante
Que na raiva ou no medo
Me alcança num instante
E na fuga me acompanha
Qual viajante!

Verdade ou utopia
Já nem sei
Na ausente ausência
Do que amando
Não amei...

Joana

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Estado democrático??

Bom hoje não deixo um poema mas, para aqueles que ainda não ouviram, o mais recente dos sinais.
Segundo o Sol a PT planeava negociar com alguns grupos detentores de alguns dos meios de comunicação em favorecimento do governo antes das próximas eleições.

Parece que a nossa democracia já teve tempos mais democráticos.

Se quiserem saber mais visitem a notícia no Sol

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Nosso

Silencias todas as palavras
Ao abraçar os meus braços
Com os teus braços
E mesmo na ausência de luar
É noite de lua cheia
E até o vazio do espaço
Interestrelar está tão cheio
Cheio de mim e cheio de ti
Tão cheio de nós...

A rebentação abafa o ruído
Do nosso deleite
O ar é abalado
Por um simples toque teu
E qual espelho, única simetria
Num momento só nosso
Estamos um no outro
Nesse lugar tão nosso
O nosso truque de magia
Fazendo-nos um só!

E tudo se funde 
Num só desejo
Num só acto
Num só beijo...

Nesta fusão
Neste silêncio gritante
De todas as vozes
Unidas na nossa,
A noite quebra...

Joana